Descendo da Serra do Caldeirão até encontrar o mar entre as arribas costeiras, junto a Milfontes, o Rio Mira representou, ao longo de milénios, o principal acidente físico do Sudoeste alentejano. Fonte de pescado, via de comunicação, atração turística, o seu papel tem mudado mas não a sua omnipresença. Rio Mira, nome de ressonância Céltica - inspiração do armador que aqui construiu, em 1895, um iate para a cabotagem entre este porto e outros portos da costa portuguesa, a que deu exactamente o nome de "Rio Mira" - o seu sentido primordial remete para o significado de "Água" ou "rio", como se bastasse a "ideia" para o identificar. Vila Nova de Milfontes, capital de antigo Concelho, criado em 1486 por carta de fundação concedida por D. João II, nasceu junto ao estuário do Mira, em sítio de abundantes Águas, sítio de Águas mil, que lhe ficaram no nome. Extinto como sede de municipio, em 1855, do concelho ficou-lhe o nome de vila, um forte - dito castelo -, para sua defesa e do porto, e um certo carácter "urbano" que a distingue das restantes freguesias do concelho a que hoje pertence.